Vamos então à forma elegante de resolver este problema

Vou tentar explicar passo a passo a ideia...
Comecemos por dividir o planeta em

camadas finas de espessura

, tal como cascas de cebola.

É evidente que a massa de cada uma das cascas é proporcional à sua área, e que, portanto, aumenta com o quadrado da sua distância ao centro. Mas por outro lado a força gravítica varia com o inverso do quadrado da distância...Então cada uma das camadas tem exactamente o mesmo "peso" para a aceleração gravítica no centro da "base" plana do planeta...

Assim, podemos substituir o efeito das

camadas por

vezes o efeito de uma delas, digamos da última camada.
A massa desta última camada é = área x espessura x densidade , ou seja

. O efeito das

camadas é equivalente ao de uma massa

vezes a da última camada ou seja

. Notem que esta massa equivalente não é a massa do planeta, na realidade a massa equivalente é três vezes maior do que a massa do hemisfério.
Bom, vamos então calcular a aceleração causada por esta massa equivalente. Da lei de Newton, a aceleração é igual à força exercida numa massa pontual, unitária, colocada no centro da base. O módulo desta aceleração deveria ser, à primeira vista,

.
Mas atenção: reparem que temos que projectar a força na direcção do eixo de simetria do hemisfério, pois todas as outras componentes se anulam (ver o post do pedro). Isto corresponde a multiplicar o resultado anterior pelo valor médio de

onde

é o ângulo que a força exercida por cada pedaço de massa na superfície na massa unitária faz com o eixo de simetria do planeta. Mas se considerarmos todos os pedaços de massa, o que verdadeiramente importa é o valor médio de

, onde

percorre uniformemente todos os ângulos entre 0 e

Claro que o valor médio desta função neste intervalo é 1/2!.
Então

. ou seja, 3/4 da aceleração do planeta inteiro QED!

Amanhã: terceiro e último episódio da saga dos monstros Gyula!
